domingo, 22 de janeiro de 2012

A Árvore de Huluppu

Gente, a partir daqui começa o chamado "Ciclo de Inanna". O primeiro texto que irei postar fala de algo que  aconteceu no início dos tempos. E se chama a Árvore de Huluppu, que é a Árvore da Vida, ou Árvore da Lua sumerio-babilônica. No texto Inanna planta sua árvore no seu Jardim Sagrado e no fim, da madeira da árvore (que poderia ter sido uma tamareira, não há especificações de qual espécie o era), foi feito sua Mobília Sagrada, um Trono e uma Cama. O Trono relacionado ao reino e Cama relacionada ao Casamento Sagrado. Assuntos que serão postados nas próximas oportunidades. Então, vamos ao mito? Sejam todos abençoados por Ashnan!





Nos primeiros dias, nos primeiros dias,
Nas primeiras noites, nas primeiras noites,
Nos primeiros anos, nos primeiros anos

Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi trazido à existência
Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi alimentado como devia
Quando o pão foi cozido nos templos desta terra
Quando o pão foi provado [por todos] nos lares desta terra
Quando o Firmamento se separou da Terra
E a Terra foi separada do Firmamento
E o nome do homem foi fixado
Quando o deus do Firmamento, Anu, carregou consigo os céus
E o deus do Ar, Enlil, carregou consigo a Terra,
Quando à Rainha das Grandes Profundezas,
Ereshkigal, foi dado o Mundo Subterrâneo
para seu reino

Ele zarpou: o Pai zarpou
Enki, o deus da Mágica, das Artes e da Sabedoria, zarpou para o Mundo Subterrâneo.
Pequenas lufadas de vento foram lançadas sobre ele
Grandes chuvas de granizo foram jogadas contra ele
Avançando velozes feito tartarugas gigantes
Elas se lançaram contra a quilha do barco de Enki.
As águas do mar devoraram a proa do barco de Enki como lobos [ferozes]
As águas do mar jogaram-se contra o barco de Enki como leões [famintos]

Naquela época, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
A árvore foi nutrida pelas águas do Eufrates.
Um dia, porém, o Vento Sul soprou e começou a levantar as raízes da
árvore de huluppu,
E arrancar seus galhos
Até que as águas do Eufrates carregaram consigo a grande árvore.

Uma jovem, que caminhava pelas margens do rio
Arrancou a árvore de onde estava [à deriva] e disse:
- Vou levar esta árvore até a minha cidade, Uruk.
- Vou plantar esta árvore no meu jardim sagrado.
Inana cuidou da árvore com suas próprias mâos.
Ela assentou a terra ao redor da árvore com seu pé.
Ela começou a imaginar:
- Quanto tempo vai passar até que eu tenha um trono de luz para sentar?
- Quanto tempo vai passar até que eu tenha um leito de luz para me deitar?
Os anos se passaram; cinco anos, então dez anos.
Os anos passaram, cinco anos, então dez anos
A árvore cresceu em espessura
Mas sua casca não se partiu
A serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes
Fez seu ninho nas raízes da árvore de hulupu
O pássaro Anzu e seus filhotes fizeram um ninho nos galhos da árvore
E a traiçoeira donzela Lilith fez do tronco da árovore de Hulupu o seu lar.

.A jovem que adorava rir, chorou
Como Inana chorou!
Mas mesmo assim nem a serpente, o pássaro Anzu ou Lilith deixaram a árvore sagrada.

Um dia, porém, quando um pássaro começou a cantar anunciando a chegada do alvorecer,
O Deus Sol, Utu, deixou seus aposentos reais,
Inana então chamou por seu irmão Utu, e lhe disse:
- Utu, nos primeiros tempos, quando foram decretados os destinos
Quando nada faltava a esta terra
Quando o Deus do Firmamento levou consigo os céus
E o Deus do Ar levou consigo a Terra,
Quando Ereshkigal escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino,
Quando Enki, o Deus das Artes, da Mágica e da Sabedoria,
zarpou para as Grandes Profundezas,
E o Mundo Subterrâneo ergueu-se para atacá-lo,
Naquele tempo, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
O Vento Sul empurrou as raízes da árvore sagrada, quebrou seus galhos,
Até que as águas do Eufrates carregaram a Árvore de Hulupu.
Então, eu tirei a árvore sagrada das águas do rio,
Levando-a para o meu jardim, em Uruk.
Lá, eu mesma cuidei da Árvore de Hulupu,
Enquanto esperava pelo meu trono e leito de luz.

Então uma serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes,
Fez seu ninho nas raízes da árvore de Hulupu.
O pássaro Anzu fez para si e seus filhotes um ninho nos galhos da árvore sagrada,
E Lilith, a donzela rebelde e morena, fez do tronco da árvore de Hulupu o seu lar.
Vendo todos eles tomarem conta da minha árvore,
Eu chorei, ah, como eu chorei!
Mas mesmo assim nenhum deles deixou a minha árvore.

Utu, o valente guerreiro, Utu o deus Sol,
Não se prontificou a ajudar Inana.
[e ela chorou ainda mais, mas não desistiu]

Quando os pássaros começaram a cantar, anunciando a chegada do alvorecer do outro dia,
Inana chamou seu irmão Gilgamesh, dizendo:
- Ah, Gilgamesh, nos primeiros tempos, quando foram decretados os destinos
Quando nada faltava a esta terra
Quando o Deus do Firmamento levou consigo os céus
E o Deus do Ar levou consigo a Terra,
Quando Ereshkigal escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino,
Quando Enki, o Deus das Artes, da Mágica e da Sabedoria,
zarpou para as Grandes Profundezas,
E o Mundo Subterrâneo ergueu-se para atacá-lo,
Naquele tempo, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
O Vento Sul empurrou as raízes da árvore sagrada, quebrou seus galhos,
Até que as águas do Eufrates carregaram a Árvore de Hulupu.
Então, eu tirei a árvore sagrada das águas do rio,
Levando-a para o meu jardim, em Uruk.
Lá, eu mesma cuidei da Árvore de Hulupu,
Enquanto esperava pelo meu trono e leito de luz.
Então uma serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes,
Fez seu ninho nas raízes da árvore de Hulupu.
O pássaro Anzu fez para si e seus filhotes um ninho nos galhos da árvore sagrada,
E Lilith, a donzela morena e rebelde, fez do tronco da árvore de Hulupu o seu lar.
[Vendo todos eles tomarem conta da minha árvore,]
Eu chorei, ah, como eu chorei!
Mas mesmo assim nenhum deles deixou a minha árvore.

Gilgamesh, o valente guerreiro, Gilgamesh,
O herói de Uruk, prontificou-se para ajudar Inana.
Gilgamesh ajustou sua forte armadura no peito
A pesada armadura tinha peso de penas para o grande herói
Ele levantou pesado machado de bronze, o machado {que abre caminhos],
E colocou-o no ombro.
[Assim preparado,] Gilgamesh entrou no jardim sagrado de Inana.

Gilgamesh bateu na serpente que não podia ser encantada.
O pássaro Anzu voou com sua ninhada para as montanhas,
E Lilith destruiu sua casa e fugiu para um local selvagem e desabitado.
Gilgamesh então afrouxou as raízes da árvore de Hulupu,
E os filhos da cidade, que o acompanharam, cortaram os galhos da árvore sagrada.

Do tronco da árvore, ele esculpiu um trono para sua divina irmã,
Do tronco da árvore, Gilgamesh esculpiu um leito para Inana.
Das raízes da árvore ela fez um bastão para seu irmão,
Dos galhos, a coroa da árvore de Hulupu, Inana fez um tambor para Gilgamesh
O herói de Uruk

Fonte: Babilônia Brasil

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