sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os Abençoados de Inanna


Então, no Ciclo de Inanna, quando Ela subiu da Terra dos Mortos (Também chamado de Inferno - Inferno no sentido de ser um Lugar Inferior, Abaixo, o Submundo), Ela foi ajudada por um ser meio homem e meio mulher. Esta história nos conta a origem sagrada dos homossexuais/bissexuais/transsexuais. O mito diz:



Asushunamir, o primeiro homem-mulher, ur-sal, foi criado/a por Enki para resgatar Inanna da Terra sem Retorno, Kur-Nu-Gia, o inferno. Inanna, rainha do céu, havia dado a Enki, o sábio, grandes presentes como a sabedoria, a justiça, o amor, as mulheres sagradas e os frutos da vinha. E para salva-la da morte, em retribuição, Enki consturiu com suas próprias mãos um/a belo/a homem/mulher chamado/a Asushunamir; ele/a que tem uma face radiante, e uma beleza estupenda, ele/a que se veste com estrelas, macho e fêmea, companheiro/a de Inanna, Asushunamir.
O feitiço de Ereshkigal, a rainha da morte, não podia possuir alguém vestido/a de luz. Alguém que não era nem homem, nem mulher. Ereshikigal então ficou encantada pela beleza de Asushunamir, inclinada a ouvir sua voz, seduzida por sua dança. Ereshkigal então organizou um grande festim em sua honra, o melhor vinho, as melhores carnes, as mais suntuosas frutas. Ela sonhava em levar aquela beleza para sua própria cama, e mantê-la junto de si para sempre na Terra dos Mortos.
Mas Asushunamir foi cuidadoso/a e não tocou no vinho e nem na comida feita pelos servos de Ereshkigal. Quando a rainha dos mortos perguntou porque ele/a não tocava no vinho, Asushunamir perguntou se ele/a poderia provar a água da vida, que era guardada numa jarra. Esta era a água que Enki havia avisado a Asushunamir que quando voltasse para o mundo dos vivos, deveria banhar-se nela, antes de atravessar os Sete Portões de Irkalla. Ereshkigal então ordenou: "Namtar, traga a jarra que contem a água da vida. Eu realizarei o desejo desta charmosa criatura".
Depois, quando Ereshkigal caiu no sono, Asushunamir encontrou Inanna, dormindo, na sua cela de cativa. Ele/a molhou a deusa com um pouco da água da vida, e levou-a em seus braços ainda adormecida e respirando como um bebê.
Ao Inanna atravessar os Sete Portões de Irkalla, acendendo a terra, a beleza brotou novamente no mundo, flores desabrocharam e a terra se cobriu de verde. As pessoas voltaram a cuidar dos campos, fazer vinho e fazer amor, dando banquetes, tudo em honra de Inanna.
Asushunamir, no entanto, não teve tanta sorte. Ereshkigal acordou e o/a encontrou antes de atravessar o Sétimo Portão. E aí, nem sua beleza, charme, dança ou canções puderam evitar que a paixão da deusa da morte se tornasse ódio.
"Tua comida será servida num estábulo, mil vezes", amaldiçoou Ereshkigal, "A água do esgoto será sua bebida. Nas sombras você habitará, desprezado/a e odiado/a pelo seu próprio povo". E pronunciada a maldição, Ereshkigal o/a baniu.
Quando Inanna descobriu sobre a maldição colocada em Asushunamir, ela falou-lhe palavras doces no ouvido: "O poder de Ereskigal é grande. Ninguém ousa desafia-la. Mas eu tenho meios de suavizar sua maldição, como a primavera chega para banir o inverno. Aqueles que são como você, meus Assinnu e Kalum e Kugarru e Kalaturru, amantes dos homens, parentes de minhas mulheres sagradas, serão desconhecido em seus própria casa. Suas famílias mantê-los-ão nas sombras e não lhes deixarão nada. O bêbedo os imitara, e o poderoso encarcerar-los-á. Mas se você se recorda, como você era nascido da luz das estrelas para me conservar, e através de mim a terra, da escuridão e da morte, a seguir eu abrigarei e a todos do seu tipo. Você será minhas crianças favorecidas, e eu far-lhe-ei meus sacerdotes. Eu conceder-lhe-ei o presente da profecia, a sabedoria da terra e a lua e todos que governa, e você afastará a doença de minhas crianças, exatamente como você me salvou das embreagens de Ereshkigal. E você se vestirá com meus vestidos, e dançará em seus pés e cantará com sua garganta. Nenhum homem será capaz de resistir aos seus encantos. Quando os jarros de barro forem trazidos de Irkalla, os leões pularão nos desertos, e você será livrado da maldição de Ereshkigal, a rainha da morte. Você será chamado uma vez mais, Asushunamir, ser vestido na luz. Seu tipo será chamado aqueles cujas as caras são brilhantes, aqueles que vieram renovar a luz, abençoado de Inanna.

No culto, Asushunamir era sempre representado por uma espécie de ator chamado assinnu. Ann Kessler descreve estes atores como personagens que aparecem em uma variedade de fontes da Mesopotâmia, pertencente ao culto de Innana e que distinguiam-se pelo vestido, penteado e apetrechos femininos. Diversamente travesti, um hermafrodita ou eunuco, o "assinnu" é uma figura ambígua de transgressivo ou, talvez, até mesmo de gênero mutável e sexualidade evidente. A palavra "assinnu" tem a mesma origem que o nome do Deus e esta ligada a ideia de ur-sal, homem-mulher, de pessoa que pode se deslocar entre os dois gêneros.

Escrito por Foxx

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